Simplicidade de um Estilo.

Faço das palavras do Jorge Camargo, as minhas: 

"Assisti recentemente a uma entrevista da Adélia Prado na Globo News.
Adélia é grande poetisa e escritora. Tendo como padrinho nas letras ninguém menos do que Drummond, ela enriquece nossa literatura com seu texto eminentemente feminino, que retrata o cotidiano com perplexidade e encanto, e que é norteado por sua fé.
Em sua entrevista, depois de um silêncio literário de dez anos, Adélia fala de espiritualidade com rara beleza e humildade.
- Na fé evangélica, falamos de Deus com malandragem. A idéia é "maquiarmos" a abordagem, para fins evangelísticos. Os receptores, a princípio, não devem perceber que caíram na armadilha dos conquistadores. Quando perceberem terá sido tarde demais. Estarão diante da necessidade de decidir se aceitam o que foi dito ou não.
Também "pregamos" com petulância, sempre conscientes da superioridade de nossas convicções e de nossa herança religiosa em detrimento das convicções e da herança de outros. - 
Ouvir Adélia falando de Deus é se deixar ser envolvido por um momento de beleza e de sensibilidade de alguém que parece querer simplesmente repartir seus sentimentos, sem desejar absolutamente que eles sejam impostos a quem quer que seja.
Ponderar sobre as palavras de Adélia é não se sentir ofendido ou acuado por convicções impositivas. É ser conquistado sim, mas pelos encantos da formosura e da delicadeza."